O relato de uma mulher que foi parar na UTI após “exagerar” em uma aula experimental de spinning viralizou nas redes sociais — até o momento, acumula mais de 45 mil curtidas no TikTok. Aos 25 anos, Kamila Rigobeli chegou a ser hospitalizada após apresentar sintomas de rabdomiólise. Mas, o que isso significa?
“É uma doença causada por lesão de fibras musculares. A lesão da musculatura gera liberação de grande quantidade de uma proteína chamada mioglobina no sangue que pode levar à disfunção renal”, explica a endocrinologista do Hospital Brasília Unidade Águas Claras, da rede Dasa, Isabela Carballal.
No vídeo publicado por Kamila, a jovem conta que o caso ocorreu depois que ela foi fazer a aula de bike indoor pela primeira vez com uma amiga. Relata, ainda, que começou a sentir desconforto ainda durante o treino e que, três dias depois, não conseguia mais ficar em pé e começou a urinar um líquido preto. Ao procurar ajuda médica, precisou ser hospitalizada na UTI porque os níveis de toxina liberada pela lesão muscular eram altíssimos.
O excesso de atividade física é apenas uma das causas da rabdomiólise, como explica a médica Isabela Carballal. Ainda é possível destacar, como motivo, lesão muscular por trauma, por exemplo, no caso de acidentes que levam a esmagamento de músculos; doenças endocrinológicas, como hipertireoidismo descompensado; medicamentos; crises convulsivas; uso de drogas ilícitas e doenças genéticas.
“As principais manifestações de sintomas são dor muscular intensa acompanhada de fraqueza e urina escura que acontece devido ao excesso de mioglobina na urina”, detalha Carballal.
O tratamento, por sua vez, deve ser iniciado o mais rápido possível devido ao risco de insuficiência renal e necessidade de hemodiálise. “O tratamento consiste em hidratação venosa vigorosa inicialmente e podemos lançar mão de medicações para ajudar a eliminar o excesso de mioglobina e impedir as complicações possíveis”, acrescenta a endocrinologista.
Sinais de alerta
Dentro do “grupo de risco” da doença, estão homens com baixa aptidão física, com excesso de peso; pessoas em pós-operatório (principalmente de cirurgias longas); pessoas que fazem uso de drogas ilícitas ou de medicações para colesterol; atletas que praticam exercícios físicos extenuantes e vítimas de trauma.
Contudo, pessoas sedentárias também exigem cuidado e atenção, conforme pontua Larissa Pacheco, CEO de estúdio de bike indoor.
“As pessoas sedentárias iniciam a prática de exercícios muito tarde e não levam em consideração o tempo que passaram sem ter estímulos. Além disso, normalmente, elas começam a praticar pelo fator “estético”, querendo acelerar o processo, sem respeitar a evolução da atividade, e acabam colocando a própria vida em risco”, explica.
Larissa chama a atenção para a importância de ter um profissional por perto para orientar e acompanhar a prática da atividade física e de sempre respeitar os limites do próprio corpo.
“É importante que a pessoa busque por profissionais e locais qualificados para tentar evitar isso, além de começar o exercício de forma leve e crescente. No caso de aulas coletivas, é necessário que os profissionais auxiliem o aluno que está começando, para que ele entenda os próprios limites. E o mais importante, quanto maior o tempo de vida ativa, menor o risco de passar por situações como essa. A vida ativa e equilibrada é sempre melhor que o sedentarismo, basta saber começar e ter constância nos treinos”, afirma.
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